segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Apoiar a Marcopolo ou os transportadores?

A Marcopolo, um dos maiores construtores nacionais (porque estabelecido em território português) de autocarros, está a dias de fechar as portas por falta de encomendas.

Num país onde a idade média dos autocarros privados anda pela casa dos 17 anos, não deixa de ser irónico que um construtor de autocarros (de carroçarias, bem entendido) feche por falta de encomendas.

Aliás, olhando para as estatísticas disponibilizadas pela Acap, o estranho é que os outros construtores ainda subsistam, quando a sua produção anual conjunta se conta por escassas dezenas de unidades.

A concessão de apoios do Estado é, ao que parece, uma das condições impostas por um investidor belga para se envolver na tentativa de manter em funcionamento a Marcopolo. Dada a actual conjuntura económica, social e política, é bem provável que o Governo aceite "abrir os cordões à bolsa" se o projecto do belga tiver pernas para andar, ou pelo menos mantiver os postos de trabalho no imediato.

Entretanto continua sem resposta a proposta há muito entregue pela Antrop, a associação dos transportadores rodoviários de pesados de passageiros, para a criação de um verdadeira programa de modernização da frota de autocarros nacional. Certamente, por falta de dinheiro.

E é aqui que reside a ironia suprema. O mesmo Estado que se nega (por acção ou omissão) a apoiar os empresários que estão dispostos a investir na compra de autocarros, estará, afinal, predisposto a apoiar um construtor dos ditos, que arrisca o fecho porque não tem encomendas...

A questão não é, afinal, escolher entre apoiar a Marcopolo (e as outras "Marcopolo" deste país) e apoiar os transportadores. Porque, na verdade, apoiando-se os transportadores estar-se-á a apoiar os construtores.

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