quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Governar em campanha eleitoral

O anúncio pelo Governo de um novo conjunto de concessões rodoviárias a serem concursadas no próximo ano, a menos de um mês das eleições legislativas, é um bom caso de estudo dos limites da governação no termo dos mandatos, e da confusão que sempre se gera entre o que é actividade governativa e o que é acção politico-partidária.

Enquanto acção governativa, o anúncio de mais 820 km de concessões rodoviárias não tem pés nem cabeça. Desde logo porque se está ainda apenas no domínio das intenções - os concursos só serão preparados e realizados em 2010, depois das eleições. Mas mais ainda porque o programa das concessões rodoviárias empreendido pelo actual Executivo é tudo menos pacífico, sendo bem provável a sua reformulação, para dizer o mínimo, caso o PS não ganhe as eleições.


Felizmente, na Estradas de Portugal, encarregue de montar as novas operações, ninguém deverá mexer um dedo nesse sentido antes de conhecer o novo ministro da tutela...

Enquanto actividade político-partidária, o anúncio do Governo tem um pecado original e uma virtude assinalável. O pecado: o facto de os ministros confundirem os interesses do Governo e do Estado com os do seu partido, e utilizarem os meios de uns para beneficiarem o outro. A virtude: o ficar claro, se dúvidas houvesse, que o PS se propõe manter - e mesmo reforçar - o programa de concessões rodoviárias, caso ganhe as eleições, e apesar das críticas.

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